Office in a Small City por Edward Hopper

Mas como isso começou?

Uma fração de segundo e eu já estava acompanhando sua boca.
Fiquei maravilhado com aquilo, como se tivesse encontrado a valquíria encantada das colinas.

“Mas como isso começou? Você, com a Ana Lúcia. Como começou de verdade? Quando vocês ficaram juntos e…”

Liana espera, de frente, olha a boca e os olhos dele, alternadamente.

“Foi uma noite, semana de prova. Eu descia do segundo pro primeiro andar, no extremo do corredor da escola, não tinha ninguém por perto, e eu não estava pensando em nada especificamente, só estava indo embora. Só isso, estava indo embora. Quando dobrei um desses ângulos retos entre uma escadaria e outra, topei com ela vindo em minha direção. Parecia estar chegando do corredor do andar de baixo. Mas eu não tinha certeza. Nem estava pensando nisso na hora, de onde ela teria vindo. Estranho eu não ter ouvido o som dos passos, mas não pensei nisso também – tudo depois, quando fiquei recordando a coisa toda. ‘Oi’, ela sorriu, aproximando-se pra me beijar na região da orelha. Um sorriso liso se esparramou por todo o seu rosto. ‘Cronometrado.’ ‘Oi’, beijei o rosto dela também e sorri. ‘Cronometrado o quê?’ ‘A gente se encontrar aqui, bem no meio dos dois andares’, ela falou. ‘Ah, sim. Muita sorte minha’, eu brinquei. ‘Sua?! Sorte minha também então. (Isso me arrepiou.) Pra onde você tá indo?’ ‘Pra casa. Terminei a prova, saí mais cedo. Não aguento mais ler uma linha por hoje. E você?’ ‘Também, pra casa’, ela disse. ‘Mas não sei se eu vou conseguir a carona da minha amiga, acho até que ela já foi embora, não estava na classe…’ ‘Bom, se é por isso, eu posso…’ ‘Pode? Você me levaria?’, mas isso sem entusiasmo, falando naturalmente, entende? ‘Claro. Pode ser.’ ‘Nem quer saber onde eu moro?’, ela sorriu, divertida. ‘Se for longe?’ ‘Tudo bem’, eu disse, ‘não tem problema, eu não tenho pressa mesmo.’ Eu era bobo em tudo que dizia. Era assim, normalmente. E era assim, não de outro jeito, que as coisas aconteciam comigo. Não sabia dizer nada interessante. Pelo menos eu tinha consciência disso e não me fazia passar por alguém interessante. Aceitava meu limite. Não pretendia nada mesmo, não tinha nada a perder sendo assim.”

“Ah, que isso! Eu até acho você bem interessante.”

“Isso não importa hoje, não é mais a mesma coisa. A gente aprende um pouco, não é? As coisas mudam. De qualquer forma, ela me percebia. E não me evitava. Isso era importante, claro.”

“Bom, até aí… Quero saber do resto. E aí? Ela sorria, sorria…”

“Sim, sempre que ela me sorria era como se sentisse uma certa pena da minha ingenuidade. Eu não percebia esses olhares e sorrisos dela de outra maneira: pareciam estar no limite entre rir de mim ou tentar me ajudar com alguma reação inteligente. Ela era bastante inteligente. Inteligente o tempo todo, eu diria. Era uma impressão assim que eu tinha. Ela não seria nunca pega sem uma resposta, sem uma palavra ou uma expressão fisionômica que respondesse à altura a qualquer provocação. Mesmo que as respostas fossem estranhas. Como ela não ia bem na escola, em geral, notas baixas em tudo, era vista como uma aluna limitada ou preguiçosa, e só os que a conheciam mais de perto notavam essa inteligência, um tipo de inteligência, não sei dizer, uma inteligência incomum, sem muita utilidade na escola, nas atividades acadêmicas, estudar, fazer provas…”

“Sei, sei. E aí? Levou ela pra casa?”

“É, levei. Confesso que fiquei um pouco nervoso ao entrar no carro. Entrei primeiro – pensei depois que deveria ter deixado ela entrar primeiro. Mas o medo era o mesmo, de ela me achar ridículo bancando o cavalheiro. Depois abri a outra porta pra ela, a porta não abriu direito da primeira vez, ela riu, eu consegui abrir na segunda tentativa, forçando um pouco, era tudo que eu não queria que acontecesse, era bem isso que eu não queria que acontecesse, me mostrar um incompetente até nas pequenas coisas. Não acho que ela se importava com o carro usado, ela não era esse tipo de mulher. Mas eu me envergonhava um pouco assim mesmo. Desejava, pelo menos naquele momento, que as portas funcionassem bem. Pelo menos isso, que as portas funcionassem bem.”

“Ah, não. Vai falar do carro, agora?”

“Não, claro que não é isso, você não entendeu. Aí ela entrou. Eu já estava instalado no meu assento, enfiando a chave na ignição. Vi num relance as pernas dela entrando uma a uma, dobrando-se e esticando-se, luz e sombra dos postes, a saia até os joelhos, umas sandálias vermelhas que eu já tinha admirado enquanto descia com ela as escadas – de novo, revendo as sandálias dela, pensei por um instante que era estranho eu não ter ouvido o som dos seus passos na escadaria. Bom, enfim, dei a partida, saí, fui dirigindo… Mais ela foi me orientando por todo o trajeto, indicando onde virar e por onde seguir, do que propriamente conversamos sobre alguma coisa. Então, ela disse: ‘Pode parar ali, olha. Embaixo daquela árvore. É ali.’. A árvore, como você imagina, baixa e enorme, quase roçando a capota do carro, tornava tudo escuro ao redor. Era um escudo contra as luzes dos postes. ‘É aqui?’, perguntei tolamente. ‘Um-hum’, ela fez de boca fechada. Olhei a casa em frente, memorizei seu endereço. Um prédio de três andares, desses sem elevador. Uma alameda estreita, entre uns arbustos altos e malcuidados, tudo meio escuro, que ia até uma portinha de vidro embaçado, que era a entrada do prédio. Um lugar muito simples e, naquele momento, desolado. Ninguém por ali, em todo o quarteirão.”

“Ah, que ótimo. Isso é que é sorte. Assim, ficou fácil…”

“Não, não foi fácil, não era fácil. Eu tinha medo. Medo de errar. Medo de pensar qualquer coisa em que ela não estivesse pensando, medo de bancar o idiota, como sempre. ‘Legal esse lugar’, eu disse, olhando aquele prédio sem nenhum atrativo. Imagine, não é vergonhoso? Era só o que eu conseguia dizer, mais nada. Ela não falou nada. Mas não saiu do carro. Estava escuro mesmo, e ainda assim eu podia vê-la de uma maneira mais uniforme, os olhos vão se acostumando. Estava esperando que ela me agradecesse e saísse, mas seria bom ficar um pouco mais, mesmo que só olhando ela de perto, já era bom assim. Tinha um cheiro envolvente também. Até hoje eu identifico esse perfume. Ou colônia ou… Sei lá.”

“Já sentiu esse cheirinho em mim? Alguma coisa que eu uso?”

“Não… Não.”

“Então, foi nessa noite que…”

“Ela me beijou com força. Eu não esperava. Não tive tempo de pensar em nada. Uma fração de segundo e eu já estava acompanhando sua boca, uma boca muito bonita, um pouco mais larga do que normalmente se espera pelo seu padrão de rosto, uns lábios que não eram especialmente grossos, mas que não poderiam ser melhores, não mesmo. Fiquei maravilhado com aquilo, como se tivesse quinze anos e tivesse encontrado a valquíria encantada das colinas. Mas eu já tinha dezenove. Que coisa, não?”

“Não. Que coisa nada. Esses encantamentos podem se repetir em outras fases. Eu uma vez fui beijada por um colega, numa festa do escritório, fiquei tremendo como uma pintinha assustada. E já tinha quase trinta. Depois eu me entreguei, meio tremendo e com vergonha de ele perceber que eu estava assim… adolescente. Encantada.”

“É, pode ser. Essas coisas surpreendem, não é?”

“É sim. E ela foi sábia. Se ficasse esperando você agir e toda essa sua conversa tímida e sem rumo…”

“Verdade. Não tive tempo de pensar, não tive tempo de nada. Logo em seguida, percebi que os cadernos e os livros dela estavam no chão do carro, e eu nem percebi como ela havia feito aquilo, porque eles estavam no colo dela durante todo o caminho, nem vi como ela armou isso tudo sem nenhum ruído, sem nenhum movimento. Bom, eu não vi nada. Não sei como…”

“Ela era uma bruxa.”

“Ahah… Uma bruxinha encantadora, era sim. E aquele beijo marcou a minha vida, verdade, nunca vou me esquecer daquela sensação, daquele instante poderoso e intenso. Onde teria aprendido a beijar assim? Com que outros? Como aquilo podia ser tão maravilhoso?”

“Então foi assim que começou. Foi assim que vocês começaram a namorar então?”

“Não, não foi bem isso. Nós não namoramos. Ela não seria mesmo minha namorada. Hoje eu sei disso. Mesmo na época, eu já sabia disso. Mas era tudo o que eu queria. Queria me casar com ela no dia seguinte.”

“Ah! Agora eu posso rir, não posso? Ah, desculpe. Isso foi lindo, viu? Sério.”

“Eu estava perdido, faria qualquer negócio. Ainda bem que ela não me pediu nada. Ficamos lá, naquela solidão. Naquele escuro. Um tempão. Eu podia ver cada vez melhor no escuro, tenho certeza que ela também. Eu ficava receoso de tocar em alguma parte íntima dela, mantinha minhas mãos apertando suas costas, muito discreto e bobo. Quando voltei aos ombros, passando ao longo dos braços dela, ela mesma desviou sutilmente uma das minhas mãos para os seios, para os peitinhos dela, eu tive que fingir que não percebia, toquei um dos peitinhos, peguei um dos peitinhos, continuei pegando, mas já era muito pra mim. Não, não precisa rir agora, eu estou sendo bem sincero, você sabe. Eu não esperava nada mais do que aquilo, o que já era muita coisa. Até desejava, no fundo, que não passasse daquilo. É sério também. Eu não saberia me comportar se ela quisesse me chupar ali mesmo ou se baixasse a calcinha sobre o assento ou… Não, mas não aconteceu nada mais. Entre um beijo e outro, entre orelha e ombro, eu só sabia repetir: ‘Você é linda. Muito linda.’. E quase disse: ‘Te amo.’. Não, mas não disse. Escapei desse vexame.”

Marcas de gentis predadores – Guia de leitura

13. Lemuel – sequência

11. E a máquina de escrever? – anterior

Imagem: Connie Chadwell. Sorriso secreto.

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Comentários

41 respostas para “Mas como isso começou?”

  1. Avatar de Lidia Maria Eningh

    oi
    Venho sempre ler tuas histórias são fascinantes,tem algumas com identificações parecidas com nosso dia-a-dia,outras,fico torcendo para saber o final-ainda bem que no meio de tantas bobagens,bobagens saudáveis é claro,tem esta página para ler–e tudo é escrito com muita singeleza,muita fineza,,com muita dignidade,nos faz entender
    o significado sem cair na vulgaridade-obrigada-abraços

  2. Avatar de Perce Polegatto

    Vânia, que bom que está gostando. Eu sempre levo alguns anos nisso, é o meu normal. Quero ver se nos próximos três anos chego ao texto final, já em forma de livro. Mas vou publicando em partes enquanto isso, na categoria Folhetim – de volta ao século 19…
    Abraços e obrigado.

    1. Avatar de Vânia

      Isso não foi uma boa resposta…pois sou curiosa e esta historia ja aguçou ela…rs….mas tudo bem, quem sabe daí eu vou conseguir controlá-la…rs…sério. Enquanto isso vou vendo os demais aqui… obrigada pelo retorno… Um grande abraço.

  3. Avatar de Vânia

    Boa noite Perce Polegatto!!!

    Gostaria de dizer que o que já li até entao, já me apaixonei pela historia, parece ser bem interesante, pena ainda nao estar em livro, pois quando começo ler, ainda mais sendo um romance, eu não me desprendo dele até não chegar ao fim…e agora…vai demorar muito…???

    Parabens,

    Um grande abraço.

  4. Avatar de Amanda

    Parabéns pelo texto Perce! É gostoso de ler, as imagens vão fluindo…

    Quanto aos comentários de Leomaria só digo isso: Vamos ler mais genteee!!

    Beijos, sou sua fã.

  5. Avatar de Maris Ester Apdo de Souza
    Maris Ester Apdo de Souza

    Oi Perce
    Percebe o quanto seu texto contagiou tanta gente? Lindo texto! Realmente sua escrita faz com que seus personagens sejam próximos ao leitor, como se fizessem parte de nosso cotidiano e ouso me perguntar será que em algum momento não passamos por algo assim? Linguagem clara e envolvente. A seta de Verena, Lisete Maris e Os últimos Dias de Agosto será este um novo livro? Um pedacinho de sua nova cria para nos deixar com vontade de quero mais? Saudades!Apareça na Casa, pois como escritor sua presença é fundamental!Até mais professor, tá me devendo uma palestra ainda este ano! Que tal sobre o que é literatura? Neste sábado Nilva falou sobre A arte de declamar. Aguardo retorno. Um abraço Maris

    1. Avatar de Perce Polegatto

      Maris Ester

      …será este um novo livro?

      Obrigado pelos convites, sabe como sou ocupado, estou mais para formiga do que para cigarra.
      Sim, um novo livro. Esses textos são classificados em “Contos” no blog porque não achei palavra melhor. É que eles são parte de um romance que estou escrevendo atualmente.
      O romance trata de um casal (Danilo, quarentão, Liana, trinta e poucos anos), eles acabaram de se conhecer, estão num motel, e vem, cada um deles, de suas experiências passadas, divórcios etc. Com isso, rola muito flash-back de ambos os lados. Vinte anos antes, uma ex-namorada (Ana Lúcia) do personagem central se suicidou e, conforme ele conta sobre isso à sua atual, ele vai caindo em contradição a ponto de dar a entender que ele é que a matou. Aos poucos, Liana, a atual, vai ficando desconfiada e com medo dele. Começa então um jogo de gato-e-rato cheio de sutilezas, pois ele não tem certeza se ela está desconfiada ou não. No final (claro que não vou contar) o leitor terá que fechar o livro (quando estiver em forma de livro), repensar tudo, ver onde foi que se enganou, enfim, como foi que não pensou nessa opção: a coisa mais improvável possível.
      Neste final de semana vou postar mais um flash-back do Danilo.

  6. Avatar de Weiner Assis Gonçalves
    Weiner Assis Gonçalves

    Perce Polegatto
    Sou a ultima das pessoas para fazer criticas literárias, contudo, o que posso dizer é que, seus personagens de certa forma e em algum momento, vivem a nossa história, a história de nossa vida. A sua maneira de escrever desperta a nossa ânsia de querer ler até o fim, e, nos deixa, quase sempre, uma sensação de vazio, uma sensação de querer mais. Pena que as Leomarias da vida não tenham sensibilidade suficiente, para apreciar esses instantes tão efêmeros, mas, que nos deixa impregnados de ter sorvido uma excelente literatura. Parabéns Amigão.

    1. Avatar de Perce Polegatto

      Caro Weiner

      Sou a ultima das pessoas para fazer criticas literárias…

      Ninguém tem que saber fazer crítica literária para apreciar ou não algum texto. O mais importante para quem escreve é o efeito que seu trabalho provoca nos leitores, pois isso é real, vivo, interativo.
      Imagine se eu tivesse que ser conhecedor de música para ouvir meu querido Schubert.

  7. Avatar de Erivelton

    Nossa! Essa leitora mostrou que conhece menos Literatura do que eu, o que eu achava difícil. Não vi nada de pornográfico, e muito menos, depreciativo na figura da personagem feminina do conto. Mesmo se tivesse, a literatura não serve apenas para mostrar os ” exemplos positivos” a serem seguidos. O que seria então, do livro “O Cortiço” e de todo o realismo/ naturalismo, se assim o fosse? E o espetacular Andre Gidé na obra “Os moedeiros falsos”?

    Mesmo Henry Miller, usando situações e termos “pornográficos” o foco não era só o sexo. Tem muito mais a ser analisado ali acerca da condição humana. Eu gostei do texto por ser leve e verossímil, e por ter me identificado com uma situação semelhante ao personagem masculino.

    Acho que a Leomaria precisa repensar os seus conceitos. Entenda que não se trata de ataque pessoal. Eu, por exemplo, só fui repensar e entender a obra “A metamorfose” de Franz Kafka num momento em que estava repensando os meus conceitos como ser humano. Aí sim, me deparei com certas situações absurdas do nosso cotidiano, e não me pareceu mais tão estranho um homem virar inseto. Não se trata de auto-ajuda, pois não ha receitas.

    Sei la se falei bobagem ! não sou um especialista em Literatura, mas na minha opinião, a Leomaria não enxergou o todo !

  8. Avatar de Edson Alvares da Costa

    Grande Perê,
    Pensei que você nem fosse responder à Leomaria (quem será?). Mas acabou dando uma “puta” aula de literatura.
    Abraço.
    Edson.

  9. Avatar de Lúcia

    Leomária,

    Não quero ser deselegante, mas se vc tem pretensões literárias, realmente precisa ler mais para, ao menos, melhorar seu manejo da Língua Portuguesa.
    O problema nem são os erros de ortografia (clássico indicativo da falta de hábito de ler), mas a construção de suas frases. Elas são truncadas, quase incompreensíveis.
    Veja, a mera alfabetização pode capacitá-la a ler e escrever, mas não a leva a compreender integralmente o que lê, tampouco a escrever de forma adequada (perdoe, mas é o que se nota em seus comentários: compreende pouco o que lê e escreve mal).
    Não digo que funcione para todos, mas vc notará que a boa literatura (não livros de auto-ajuda, por favor), além de melhorar sua capacidade de entendimento e comunicação mediante o uso da palavra escrita, trará a diversidade para sua formação, descortinando mundos de cuja existência sequer suspeita.
    Assim, quem sabe, vc começa a escrever melhor e de quebra se livra de estereótipos pueris como esses, acerca de mulheres, homens, comportamento, inteligência, sexo, sedução e até, literatura :-).
    Por fim, não tome isto como um ataque pessoal, mas como preocupação sincera. Muitas pessoas, cercadas por amigos temerosos de rusgas ou insipientes e estranhos igualmente ignorantes ou meramente indiferentes, não são alertadas para sua falta de talento e não têm suficiente autocrítica para percebê-la sozinhas.

    1. Avatar de Humberto

      Ótima observação Lúcia. faço minhas as suas palavras, nota-se que falta leitura a Leomaria. Também não entendi como ela foi buscar Saramago para comparar com o texto do Perce…

  10. Avatar de Lúcia

    Perce,

    Muito sutil. As entrelinhas são ótimas.
    Estão em Liana, além da curiosidade tão comezinha às mulheres, as pontadas de ciúmes, junto com um quê de despeito que a tornam tão humana e tocante, enquanto o rapaz está lá, absorto em lembranças, coerentemente tonto quando moço e distraído em sua (incipiente?) maturidade. Adorável.

    Mas vc, hein? Agudo observador da natureza humana (nem poderia ser diferente, para perpetrar personagens tão reais), deve ser um terror em relacionamentos! kkkkk

  11. Avatar de FELLIPE KNOPP

    Se alguém se arrogar definir o que é Arte então aceito que diga o que deve ou não conter-se num texto literário! O maior problema da arte é que não há problema algum imanente! O que diria Duchamp?

  12. Avatar de FELLIPE KNOPP

    Onde há pornografia? Que carolice!

  13. Avatar de FELLIPE KNOPP

    Não negas tua veia italiana, Polegatto. Este teu texto é singelamente lírico, sobretudo no que traduz com beleza o conflito entre o encantamento temeroso da experiência da beleza e a razão autopreservativa: dignidade é algo que merece ser preservado! Mas esta crônica muito me faz remissão às descrições de “Fragmentos de um discurso amoroso”, estudo proseado com muita elegância.

  14. Avatar de Hecton P.Domingos

    Diálogos como o do texto sempre me prendem em um conto, gosto quando podemos imaginar nós mesmos dizendo cada palavra de cada personagem, li o texto quando foi publicado, e o fiz novamente, com prazer.

    Como sempre, escrevendo sempre bem, Perce.

    Um Forte Abraço.

  15. Avatar de LEOMARIA MENDES SOBRINHO

    SABE PERCE ? EU NÃO SEI QUANDO ISSO COMEÇOU.VOCÊ SABE? SENDO ASSIM VOU ESCREVER SOBRE UM HOMEM….OU SOBRE O SEXO OPOSTO….QUE….VOCÊ NÂO VÃO SABER COMO ISSO COMEÇOU.ABRAÇOS PERCE………´LEOMÁRIA

    1. Avatar de Perce Polegatto

      Leomária

      LITERATURA NÃO É PORNOGRAFIA PERCE.

      Henry Miller é um clássico do século 20. Se é que podemos classificá-lo como pornográfico. (Você não conhece literatura, esse é o principal problema.)

      SE VOCÊ ACHA QUE PODE ESCREVER QUALQUE COISA QUE PENSA SER LITERATURA,CUIDADO PARA NÃO OFENDER .

      É claro que posso. Os artistas são livres.

    2. Avatar de Hecton P.Domingos

      LEOMARIA MENDES SOBRINHO ,

      Se você tivesse em minha pele, você iria sentir como é desconfortável, alguem além de comentar criticando uma obra, sendo que esse alguem (Você) não conhece o que é literatura, e tendo como plus, USANDO DE FORMA FRENETICA CAPS LOCK.

      Ah, sim, escreva o conto e mande o link, mas olha, não use o CAPS LOCK pra criar textos, essa idea chega a ser mais repulsiva do que comentar usando o mesmo.

      Beijinhos (se for bonita e sexy, claro.)

  16. Avatar de LEOMARIA MENDES SOBRINHO

    “…(E PODE TER CERTEZA, ENTENDEMOS ISSO ALGO CARINHO…”
    ENTENDEMOS QUEM?
    _______________________________________________________________
    JOSÉ SARAMAGO EXPRESSA-SE DE UMA FORMA COLOCADA EM SEU CONTEXTO, O QUE É UMA CARACTERÍSTICA DELE.VEJO EM SEUS COMENTÁRIOS PERCE, UMA INTENÇÃO DE QUERER COPIÁ-LOS, SEM SUCESSO,POIS , NÃO SOA, PELO MENOS PARA MIM,(DESCULPE-ME A SINCERIDADE), UMA INSPIRAÇÃO NATURAL. VOCÊ COLOCA VONTADE EM DESMERECER A MULHER . A REALIDADE DE UM JOVEM DE 19 ANOS É MAIS QUE ISSO E A MATURIDADE E RESPÓNSABILIDADE SUPERA MUITAS VEZES A DE UMA PESSOA MAIS MADURA.

  17. Avatar de LEOMARIA MENDES SOBRINHO

    “…na verdade um homem que acha uma mulher preguiçosa para o aprendizado…”
    “COMO ELA NÃO ÍA BEM NA ESCOLA,EM GERAL, NOTAS BAIXAS EM TUDO, ERA VISTA COMO UMA ALUNA LIMITADA OU PREGUIÇOSA, E…”
    _________________________________________________________
    “SINCERAMENTE, NÃO ENTENDI…”
    “sem muita utilidade na escola, nas atividades acadêmicas, estudar,fazer provas…”
    Na sua literatura a mulher não deve estudar nem ser inteligênte?Com qual propósito?
    LITERATURA NÃO É PORNOGRAFIA PERCE.MACHADO DE ASSIS E CLARICE LISPECTOR DESCREVIAM REALIDADE ONDE EM SUA ÉPOCA(DELES)PROPAGAVA -SE A PARTICULARIDADE E TÉCNICA ONDE O LEITOR ENCONTRAVA-SE NUM ESPELHO QUE REFLETIA UMA IMAGINAÇÃO GOSTOSA DE SE VER.MESMO QUE A REALIDADE FOSSE CRUEL, MAIS ISSO ERA CONTADO DE FORMA AGRADÁVEL.SE VOCÊ ACHA QUE PODE ESCREVER QUALQUE COISA QUE PENSA SER LITERATURA,CUIDADO PARA NÃO OFENDER .

  18. Avatar de MARIA DE FÁTIMA MENDES DE ARAÚJO

    Olá, Perce, Bom Dia, rsrs
    Esse rapaz de seu texto, parece ter complexo de inferioridade, se bloqueia nos momentos mais indevido. Sserá que ele vai conseguir algum dia se jogar numa aventura e sair dela sem culpa? Gostei do texto.

    1. Avatar de Perce Polegatto

      Maria de Fátima

      O complexo de inferioridade se manifesta de outra maneira, costuma ser o contrário: um homem que tenta se autoafirmar através de um pretenso poder ou tentando aparentar uma segurança que de fato não possui.
      E, sim, ele vai viver novas aventuras amorosas sem medo – o tempo passa, ele amadurece, se transforma.

  19. Avatar de Humberto

    Nossa! nada a ver….literatura não é isso? rs
    Exemplo pra acrescentarem algo de bom em suas vidas? rs
    isso é autoajuda e não literatura….rs
    Literatura diz sobre a vida em momentos aparentemente insignificantes mas q quando captados por um bom escritor nos revela um mundo…
    Desculpe minha franqueza ou minha ignorância talvez, mas acho que vc precisaria ler mais LITERATURA de verdade…

    1. Avatar de Perce Polegatto

      Humberto

      Literatura diz sobre a vida em momentos aparentemente insignificantes mas q quando captados por um bom escritor nos revela um mundo… Desculpe minha franqueza ou minha ignorância…

      Nada de ignorância aí. Você acertou no que disse. Além dessa definição, outras compõem um texto literário: a estética, a análise dos personagens, a engenhosidade da trama ou mesmo a criatividade no tratamento de situações cotidianas…

      1. Avatar de Lúcia

        Humberto,

        E a graça está justamente em (re)conhecer situações banais sob nuances das quais nem nos apercebemos no dia-a-dia.
        Interessante como, mais do que romancistas, há excelentes cronistas brasileiros.

        1. Avatar de Humberto

          Lúcia,

          Também concordo com você. Sobre isso, acho que vale a pena tecer um comentário breve sobre o assunto. Ultimamente ando muito interessado por autores nacionais contemporâneos e, percebo um certo descaso ou melhor dizendo, um certo rebaixamento da literatura atual a uma espécie de segundo plano, como se somente os clássicos valessem a pena e o resto seria mero plágio. Descordo completamente disso, acho que temos excelentes escritores na ativa como Raduan Nassar, João Gilberto Noll, Dalton Trevisan, para citar alguns deles, que possuem uma linguagem própria e que mereciam um melhor espaço dentro de nosso campo literário. Não sei se consegui me expressar bem, mas acho que muitos autores atuais precisam ser lidos, descobertos, pq as vezes ficamos muito presos aos clássicos e nos esquecemos de voltar nosso olhar para o que esta sendo escrito nos dias atuais.
          Com relação ao Perce, Tive a oportunidade de ler o livro “Lisette Maris em seu endereço de inverno” do professor Perce, ainda quando fazia cursinho, me surpreendi com a sua capacidade de síntese e clareza, algo bem difícil e complicado. Em alguns textos, (como ele mesmo os denomina) uma técnica de inversão da ordem temporal dos fatos me fez descobrir um autor muito importante o qual não conhecia: Cortázar.
          Acho que esse tipo de comparação, no sentido construtivo, deve ser feita, mas com argumentos sólidos, não simplesmente evocar um escritor e fazer uma comparação absurda como a Leomária fez.
          Percebo que o pessoal gostou do texto e fizeram, em sua maioria, comentários inteligentes, não importando se críticaram ou elogiaram.
          Acho fundamental que antes de comentarmos qualquer texto literário entendamos a sua proposta e, é justamente nesse ponto que não entendi quase nada do que a Leomária disse.
          Enfim, acho que em relação ao comentário dela muito já foi dito né?

          1. Avatar de Lúcia

            Humberto,

            O pior é que mesmo o Raduan Nassar, que teve “Um Copo de Cólera” transposto para o cinema, é um ilustre desconhecido para os livreiros.
            Se bem que, para ser justa, os funcionários da Livraria Saraiva talvez não sirvam muito como parâmetro…
            Uma vez fui comprar o livro “A Face Oculta da Natureza”, sobre física quântica, e o atendente foi direto para a seção de “Ocultismo”. Dá para acreditar? Rsrsrs.
            Não é de surpreender que, em ocasião diversa, outro atendente sequer soubesse soletrar “Raduan Nassar”.

            Tb li “Lisette Maris” e estou com vc: precisamos ler mais os autores contemporâneos para não perder oportunidades como as oferecidas por Perce.
            Conhecer novos escritores e saborear uma linguagem mais afinada com a nossa é um privilégio.
            O problema é que, diante da facilidade com que se publica hoje em dia, há mais bobagem ainda (como se fosse possível!) atulhando o mercado.
            O negócio é seguir indicações. Cristóvão Tezza, indicado por Perce, foi para mim um regalo. Aliás, como os próprios textos do Perce.

          2. Avatar de Humberto

            Lúcia,
            Engraçada sua história. Tb já me ocorreram fatos parecidos e até piores…rs
            Anotei o nome: Cristóvão Tezza, legal, vou procurar. Valeu pela indição…

          3. Avatar de Perce Polegatto

            Lúcia

            Uma vez fui comprar o livro “A Face Oculta da Natureza”, sobre física quântica, e o atendente foi direto para a seção de “Ocultismo”.

            Ferreira Gullar conta que, durante o regime ditatorial, foi abordado por agentes policias que foram até sua casa prendê-lo. Para ajudar na justificativa da prisão, eles remexeram sua estante procurando algum livro suspeito, que pudesse comprometê-lo. Acabaram escolhendo um livro sobre arte, o título era “Cubismo”. Com isso, eles imaginavam associá-lo a atividades clandestinas, envolvendo Cuba.

  20. Avatar de Humberto

    Muito inspirador seu texto professor. Depois de tanto tempo, ainda continuo a aprender com vc. Gostaria que qualquer dia desses vc lesse um texto meu…
    abraço Perce

  21. Avatar de LEOMARIA MENDES SOBRINHO

    OLÁ PERCE.LI O SEU TEXTO E CONFESSO QUE DO INÍCIO AO FINAL ELE CONSEGUIU ME PRENDER,MAIS VIAJEI NO ENRREDO DE UMA FORMA EM QUE TUDO QUE DESCREVIA FOSSE DE MODO AO CONTRÁRIO.NA VERDADE UM HOMEM QUE ACHA UMA MULHER PREGUIÇOSA PARA O APRENDIZADO NÃO FICARIA NERVOSO E COM MEDO DE SUAS PRÓPRIAS ATITUDES, ATÉ PORQUE O AMBIENTE ERA VAMP E ELE ESTARIA SE DESVALORIZANDO COM O COMENTÁRIO.DESCULPE-ME A FRANQUEZA, MAIS SOU REALISTA E NÃO ACEITO DETERMINADOS TEXTOS QUE DESMORALIZEM UMA MULHER, MESMO QUE INOCENTEMENTE ,O PERSONAGEM NÃO SEJA UM CAVALHEIRO OU O ESCRITOR, PORNÔ . MESMO ASSIM TIVE A SENSAÇÃO QUE O RAPAZ ERA UM MANÍACO OU ELA UMA PROFISSIONAL.DE QUALQUER FORMA ISSO PARA MIM NÃO TEM NADA DE LITERATURA, AQUELA ONDE AS PESSOAS TEM O EXEMPLO PARA ACRESCENTAREM ALGO DE BOM EM SUAS VIDAS.DESCULPE-ME A SINCERIDADE.JÁ, NOS INTERLOCUTORES NÃO SENTI NENHUMA INTELIGÊNCIA OU ESPERTEZA DA PARTE MASCULINA.APENAS AFASTOU A SUA INTERESSADA COM DESCRIÇÕES GROTESCAS , E ELA POR SUA VEZ , DESFEZ DA AMIGA BRUXA , COMO REFERIU-SE E COLOCOU-SE AO FINAL EM MESMA POSIÇÃO DE MULHER VULGAR.JÁ OS TERMOS RIDÍCULOS DE “PEITINHOS”, SÓ OS HOMENS OS TEM, POIS MULHER POSSUI SEIOS.SERIA MUITO BOM SE A MULHER RECONHECESSE E VALORIZASSE MAIS A SI PRÓPRIA EM TODAS A QUESTÕES OU UNIVERSOS E NÃO DEIXASSE QUE O SEXO OPOSTO DEBOCHASSE DELA SEJA DE QUE FORMA FOSSE.UM ABRAÇO LITERÁRIO, LEOMÁRIA

    1. Avatar de Perce Polegatto

      Leomária, sobre alguns pontos de seu comentário:

      …NA VERDADE UM HOMEM QUE ACHA UMA MULHER PREGUIÇOSA PARA O APRENDIZADO…

      Sinceramente, não entendi ao que se refere. Quem seria essa personagem preguiçosa e o que seria esse aprendizado?

      …NÃO FICARIA NERVOSO E COM MEDO DE SUAS PRÓPRIAS ATITUDES…

      O personagem tem 19 anos. É normal que seja inseguro, principalmente com mulheres.

      …ATÉ PORQUE O AMBIENTE ERA VAMP…

      O ambiente era vamp?

      …NÃO ACEITO DETERMINADOS TEXTOS QUE DESMORALIZEM UMA MULHER…

      Por que o texto estaria desmoralizando a mulher? A situação descrita é bastante comum entre os jovens. Por vezes o homem toma a iniciativa. Outras vezes, a mulher é quem assume esse papel.

      …MESMO QUE INOCENTEMENTE ,O PERSONAGEM NÃO SEJA UM CAVALHEIRO OU O ESCRITOR, PORNÔ…

      Um personagem cavalheiresco seria entediante. As situações se tornariam monótonas. Não vale a pena trabalhar com personagens assim, a menos que seja para ironizá-los. Os leitores se desinteressariam – e com razão. Quanto ao autor ser pornô, está fora de questão.

      …MESMO ASSIM TIVE A SENSAÇÃO QUE O RAPAZ ERA UM MANÍACO…

      Ele é desajeitado, um pouco tímido, e não tentou assediá-la. Chega a declarar a Liana, sua interlocutora, que se sentia privilegiado com o que tinha até então, com o que tinha experimentado até ali, com Ana, e que não saberia como agir caso ela desejasse ir além. Não parece o perfil de um maníaco. Essas experiências se repetem rotineiramente na vida real. Há mulheres interessadas em homens, homens interessados em mulheres. A maneira como se realizam os encontros entre as partes varia muito. O que esse fragmento narra é apenas uma entre inúmeras possibilidades.

      …DE QUALQUER FORMA ISSO PARA MIM NÃO TEM NADA DE LITERATURA, AQUELA ONDE AS PESSOAS TEM O EXEMPLO PARA ACRESCENTAREM ALGO DE BOM EM SUAS VIDAS…

      A literatura não trabalha mesmo com exemplos edificantes há quase cinco séculos, desde a publicação da obra genial de Cervantes. Os antigos gregos enalteciam os valores morais, as virtudes dos heróis. Os cristãos medievais faziam o mesmo, com as lendas do Santo Graal e os valorosos cavaleiros que o buscavam. Autores não-cristãos (Shakespeare, por exemplo) abriram as portas para uma literatura rica e profunda, com personagens densos e questionadores, que motivou todas as gerações seguintes, chegando até nós hoje com o mesmo efeito, o que é impressionante. Mas Coetzee nos lembra que não devemos sugar os clássicos como parasitas. Temos que fazer nossa própria literatura, daí os ambientes e os personagens variarem em seus contextos sociais e históricos.
      Se você retomar algum texto de Machado de Assis ou de Clarice Lispector, verá que não há nada edificante em suas obras – a menos que possamos chamar de edificante retratar a sociedade como ela é, como ela não quer ser vista. Sob seu critério, um autor como Machado de Assis não faz literatura. Talvez, como comentou Humberto, você esteja pensando em livros de autoajuda.

      …APENAS AFASTOU A SUA INTERESSADA COM DESCRIÇÕES GROTESCAS…

      Descrições grotescas? Quais seriam?

      …E ELA POR SUA VEZ , DESFEZ DA AMIGA BRUXA…

      Nesse contexto, chamá-la de bruxa (uma bruxinha encantadora) é um elogio, uma brincadeira, referindo-se ao poder de encantamento dela, à “mágica” de ela ter descido os cadernos do colo ao chão sem que ele percebesse, ao som dos sapatos que ele não ouvira nas escadas…

      …JÁ OS TERMOS RIDÍCULOS DE “PEITINHOS”, SÓ OS HOMENS OS TEM, POIS MULHER POSSUI SEIOS.

      Muitas das mulheres que conheço também usam peitos ou peitinhos. No rascunho original, eram seios. Mas a voz é do personagem, não do autor. É assim mesmo que os homens falam (e, pode ter certeza, entendemos isso como algo carinhoso e sensual, sem nenhum demérito). Se eu insistisse no vocábulo seios, o personagem iria parecer inverossímil – e o personagem tem que parecer real, um homem de verdade, com seus desejos reais, sua insegurança, inclusive com sua sinceridade ao confessar isso tudo. Como nos ensina o mestre José Saramago, em Cadernos de Lanzarote, sempre que possível deve-se usar puta em lugar de prostituta, em função da verossimilhança. Alguns contemporâneos como Rubem Fonseca e Cristóvão Tezza, ambos Prêmio Jabuti e referências de nossa literatura, usam palavrões em seus textos rotineiramente. É claro que não são os únicos, e isso não é característica dos brasileiros. Podemos citar Samuel Beckett, Garcia Márquez (Memórias de minhas putas tristes), Vargas LLosa, todos eles Prêmio Nobel.

      …SERIA MUITO BOM SE A MULHER RECONHECESSE E VALORIZASSE MAIS A SI PRÓPRIA EM TODAS A QUESTÕES OU UNIVERSOS E NÃO DEIXASSE QUE O SEXO OPOSTO DEBOCHASSE DELA SEJA DE QUE FORMA FOSSE.

      Será mesmo que uma mulher não se sentiria valorizada sabendo que um homem aprecia seus… peitinhos? Tratando o personagem masculino como um rapaz omisso e desinteressante enquanto a personagem Ana Lúcia se mostra inteligente, perspicaz e decidida, alé mesmo naturalmente bela, haveria mesmo algum sinal de deboche? Na verdade, não há deboche. Nenhum dos dois está sendo ridicularizado.

  22. Avatar de Luci

    Bem bacana teu texto, acho que todos experimentamos vez ou outra uma stuação parecida, sem saber o que dizer , fazer ..enfim sem controle…mas acho que é aí que reside o “delicioso” da coisa….essa falta de chão momentânea….

    beijos…

    1. Avatar de ERIVELTON

      Gostei do conto! leve e verossímil. Me fez lembrar de uma situação similar que já tive.

  23. Avatar de Jady Alves

    Perce, que delicia te ler, perfeito, sutil, mágico, uma viagem e tanto em cada imagem narrada.
    parabéns amigo, beijos meus,
    Jady

  24. Avatar de Tonax

    Perê, qtas saudades de suas aulas no Audiovisual, texto lindo, me faz ver os personagens, o sorriso da moça. Grande abraço!

  25. Avatar de Carlos César Pacheco

    Gosto muito da forma como escreve Perce.

    1. Avatar de Perce Polegatto

      Carlos, obrigado.
      O texto tem que ser verossímil, simular o personagem real falando, ficar nessa dosagem entre o coloquial e o compreensível, sem cair na vulgaridade ou desviar-se para o formal, que não é como falamos, como conversamos de verdade.

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