Office in a Small City por Edward Hopper

A cidade de um país

Adentro a sala, tenho à frente a mesa dos conspiradores, entre eles seu poderoso líder. Acabo de ver seu rosto, e agora tenho de morrer. Caí na cilada e estou sozinho. Corro para o fundo, vejo que alguns deles saem pela mesma porta, sem a minha pressa. Eu, que sempre me envolvi em todas as lutas com a coragem que todos admiravam, ao ver meu inimigo armado e pronto a eliminar-me, penso que aquela é só uma cidade de um país, que as revoluções, movimentos e guerrilhas não duram uma vida, e eu agora, traidor de minha própria ousadia, recuo, dobrando-me como um feto, um animal condenado, assim a covardia, o medo e uma intensa sensação de felicidade alcançam-me, enquanto o mais próximo firma a arma em minha direção, dispara.

Lisette Maris em seu endereço de inverno

48. Óculos – próximo

46. Últimas noites do burocrata obstinado – anterior

Guia de leitura

Imagem: Tomie Ohtake. Pintura.

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