Office in a Small City por Edward Hopper

Henrietta Leavitt

A estrela esquecida

Henrietta Leavitt.

Henrietta (Swan) Leavitt

(Massachusetts, 1868 – Cambridge, Massachusetts, 1921)

 Astrônoma norte-americana cujas descobertas permitiram a Hubble concluir que o universo estava em expansão. Henrietta, conhecida por sua personalidade ativa e entusiasmada, começou como voluntária no observatório da Universidade de Harvard. Como as mulheres não podiam trabalhar com telescópios, coube a ela catalogar fotografias de estrelas de acordo com seu brilho. Com o tempo, ela passou a estudar as estrelas variáveis, que são aquelas cuja luminosidade varia em menos de cem anos, algumas em poucos dias. Até os primeiros anos do século 20, pensava-se que todas as estrelas integravam uma única galáxia, a Via Láctea. A maior parte das estrelas tem luminosidade regular, como é o caso de nosso sol, por isso as estrelas variáveis eram assunto de grande interesse para os cientistas da época. Henrietta descobriu e registrou mais de mil estrelas na Nuvem de Magalhães e concluiu que algumas delas apresentavam um padrão: as mais brilhantes variavam em períodos de tempo maior. Isso significava que a luminosidade da estrela era proporcional a seu período de variação, o que tornava essas relações bastante precisas. As Cefeidas, que são estrelas gigantes, serviram como referência para os cálculos de Henrietta e foram as primeiras velas-padrão, nome que se dá a uma estrela de brilho conhecido a partir da qual se infere a distância de outros corpos celestes, por comparação. Com isso, passou a ser possível calcular a distância de qualquer estrela de brilho intenso, mesmo as muito afastadas, com grande precisão – uma extraordinária conquista para a ciência, pois até então só se podia estimar as distâncias de corpos celestes mais próximos, usando o método comparativo da paralaxe, criado por Bessel. O que os astrônomos chamavam de nebulosas espirais mostrou-se ser, na verdade, outras galáxias, surpreendentemente até muito distantes da própria Via Láctea. Isso mudou decisivamente a visão que até então tínhamos do universo: a de que ele todo se resumia a uma galáxia – a nossa. Os desdobramentos de tais conclusões, incluindo a curva periódica de luminosidade, elaborada por Henrietta e por seu colega Shapley, incluíam nada menos que a célebre e inquietante descoberta de Hubble de que o universo estava se expandindo continuamente. Henrietta morreu aos 53 anos, vítima de um câncer, no ano em que fora nomeada chefe de fotometria estelar em Harvard. Com as crescentes referências a Hubble, Einstein e outros renomados cientistas da época, seu nome foi injustamente esquecido, identificado apenas por especialistas e aficionados da área. De acordo com seus amigos, ela era uma pessoa cheia de vida, para quem as coisas se tornavam belas e cheias de significado.

Por sua dedicação e pelos excelentes resultados de seu trabalho, o observatório de Harvard contratou Henrietta Leavitt, que havia começado como voluntária, por 30 centavos de dólar a hora. Mais de um século depois, esse valor, evidentemente, corresponde a algo um pouco mais considerável, mesmo assim irrisório. O diretor, Edward Pickering, com certeza não imaginava que ela pudesse realizar descobertas tão importantes.

O método da paralaxe consiste na comparação de dados colhidos por observadores em determinadas posições. Assim como, quando olhamos pela janela de um veículo em movimento, vemos as árvores próximas passarem por nosso campo de visão mais rapidamente e as distantes mais lentamente, os astrônomos cruzam informações de observatórios em diversos pontos da Terra e calculam as distâncias das estrelas por meio de triangulações. Mas esse método não funciona para longas distâncias.

Edwin Hubble dizia abertamente que Henrietta Leavitt merecia ganhar o prêmio Nobel. Um dos membros da Academia Sueca sugeriu sua inscrição em 1924, mas foi informado que ela havia morrido três anos antes. Hubble também foi ignorado pelo Nobel.

O asteroide 5383 Leavitt tem esse nome em sua homenagem.

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Comentários

Uma resposta para “Henrietta Leavitt”

  1. Avatar de Alan kevedo

    Casei duas vezes, mas jamais entenderei as mulheres. Ao mesmo tempo que se mostram mais inteligentes, também sâo a base financeira. que sustentam seitas Bíblias que as depreciam: Vide :Eclesiastes 7:26; 1 Coríntios. 14: 34…35; Colossenses 3:18. e muito mais, mesmo.

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