Office in a Small City por Edward Hopper

Categoria: Conspiração dos felizes

  • Música suave e um vulto do passado

    Como se tudo pudesse ser perdoado. Como se todos pudessem redimir-se, sem nenhum esforço para isso. E ali estávamos os três. Eu, com meu passado de humilhações e traumas inexpugnáveis, debatendo-me contra incessantes dificuldades financeiras, havia atravessado todo aquele período, chegara até ali, de alguma forma – e por nada. Eles, com suas vidas transcorrendo…


  • Trágico ou apenas… menos cômico

    Mórbido ou apenas… Bem, não importa o que seja. Se pode ser esquecido em breve. Ainda que tentasse evitar – o que nunca faço –, as ruas costumavam cercar-me de cenas avulsas, frases ouvidas por acaso, pessoas em movimento protagonizando os dias, todos os dias, antes que viessem outros, outros dias, outro tempo, outras gentes.…


  • Em parte, o destino

    Estamos nessa idade em que parte de nosso destino já transcorreu. E a outra parte como que se delineia previsível, com suas tendências, a menos que ocorram novos desastres. Dez anos. Durante essa tão breve quanto extensa amostra de tempo – pois referir-se a ela não é o mesmo que tê-la atravessado, com todas as…


  • Vida nova, sangue novo

    Não, não sou audacioso, sei disso. Não tenho certos valores apreciados pela maioria. Mas não estou vencido. Tenho planos subversivos para mim mesmo. Há quase um ano, trabalho num escritório de cobranças e tenho me aguentado. Hoje eu me sinto à vontade com os colegas, e eles também fingem que nos gostamos. Quase um ano…


  • Sempre muito entendidos

    Eu me sentia na linha limítrofe entre o pensar e o falar, com receio de confundir-me. Meu ódio ia voltando aos poucos. O fato era que Copérnico queria parecer um sujeito culto, para a admiração de Vanessa. E para minha própria admiração, sob outro aspecto. Entrou a falar do que lhe parecia mais acessível, algo…


  • A Lanchonete Mangueira

    A história é contada pelo vencedor. Não. Nem sempre. Esta história será contada por mim. A manchete era praticamente a mesma, quase a mesma de um ano atrás, pouco antes do choque econômico. GOVERNO GARANTE QUE NÃO HAVERÁ CHOQUE Segui pela galeria que me encurtava o caminho e refugiei-me no salãozinho sossegado, silencioso, da Lanchonete…


  • Com o tempo, comecei a mentir

    Deve ser porque eu vivia sempre em busca de algo e acreditava no que me diziam. Deve ser por causa da esperança. “Se precisar, sei de umas histórias que dão um puta livro”, cacarejou Copérnico. Detesto quando alguém me diz: por que você não escreve sobre a nossa cidade? Ou então: minha vida daria um…


  • Que sonhos teriam valido a pena?

    Alguma coisa com sua própria consciência, ela me contou. Portanto, parecia inevitável que que tudo acabasse assim. Tornei a encontrá-lo no dia seguinte, tornou a falar no Delfino. “E o Delfino, hein?” “Pois é.” Delfino, como pudera entregar-se assim? Sem um gesto. Sem um grito. Na verdade, eu não queria pensar mais nisso. Há pouco…


  • Equívocos em série por culpa deles

    Depois de toda glória, é preciso voltar. Ao quarto íntimo, à janela escura, ao que seja seu e não seja a ilusão dos outros. Não posso negar que eu seja do tipo facilmente reconhecível, aonde quer que vá. Não por me conhecerem, obviamente, pois ninguém me conhece. Mas se vou a uma exposição, alguém que…


  • Vina entre os morcegos. Abertura

    Medina, seu santo sorriso. Não se aborrece com nada, não desconfia de nada. Nunca reagiu, nunca agrediu, nunca namorou. A maneira trágica, brutal e bizarra com que nosso amigo Delfino tratou de resolver todos os seus problemas e livrar-se do mundo foi confirmada por Medina em um de nossos desastrados encontros de rua. “Soube do…


  • Não fale grego assim comigo

    Quase ri de mim mesmo ao me lembrar disso. Cheguei a rir, na verdade. Senti vergonha e pena de minha ingenuidade. Via agora Vanessa e Copérnico, belos e saudáveis. Como poderia eu dizer-lhes que, além da viagem na memória, não se alcança o passado? Os dias são a nossa vida. Esse dia, nós três juntos,…


  • Inexpressivo, impassível, sem graça

    Por não acreditar nas aparências mais do que devo, continuo um ingênuo como sempre. Enquanto isso, o mundo todo prossegue funcionando assim, por trás das aparências. Eu ainda absorvia a expressão tola de Copérnico enquanto orava, distraído como um demente, eu. Vendo-o em suas roupas novas, de fina confecção, tudo agradável e harmonioso, tive uma…


  • O homem importuno

    A chegada de Copérnico seria a grande deixa para eu me retirar. Mas o ódio que me atacava de repente cegava-me e prendia-me em mim mesmo. Ali estávamos, os três. Eu não podia acreditar. Que demônios do destino teriam arquitetado um encontro desses? Não, não. Blasfêmia. Foi Deus, só pode ter sido Deus. Algo assim…


  • Círculos sucessivos de imunidades

    O tempo que os contém, a esses homens e às suas opiniões, não é mensurável, embora pareça ser.O fato de estarem vivos transcende qualquer medição. E a existência humana não é um negócio. Estudamos os três na mesma classe do último ano. Copérnico Henrique Domingos Coelho dos Reis. Não, não é brincadeira. Tudo isso é o…


  • Um sonho fantástico, só o que podia ser

    Tudo que se enfia numa bolsa ou participa da vida de alguém acaba desaparecendo mais cedo ou mais tarde. Esse alguém inclusive. Vanessa demorou tanto e muito a encontrar um bloquinho de papel do qual destacou uma folha pouco maior que uma caixa de fósforos. Tudo dela parecia ser assim, minúsculo, para evitar-se dizer ridículo,…


  • Mulheres distraídas, visões proibidas

    Eu sempre ando com uma caneta no bolso. E sempre eu mesmo trato de desvencilhar-me de meus sentimentos sozinho, não há ninguém que me ajude ou que o faça por mim. Enquanto procurava dissimular, meio sem jeito e sem saber ainda o que lhe dizer em seguida, notei que ela ria mais do que antes,…


  • O que ela não queria era sorrir para mim

    Que espécie de cordeiros estariam hoje educando para que espécie de lobos? Mesmo assim, isso renovou minhas esperanças. Também não sei em quê. Mas parece que tudo passou. Para mim, pelo menos. Uma colega que leciona no curso noturno garantiu-me que “isso está superado, o ensino evoluiu, as coisas já não são mais assim…” Mas,…


  • O pequeno redator

    O professor calvo leu com ênfase esse trecho da velha, e os risinhos se multiplicavam, abafados. Minha nota zero quase comprometeu todo o bimestre. Apesar de tudo, eu esperava ser reconhecido pelas dissertações, talvez porque imaginasse ser capaz de bons resultados, no que eu acreditava então, já que nos esportes e em boa parte das…


  • Mais um pouco da maldita conversa bem-educada

    E por que aqueles passeios a cavalo e férias na praia…? – tudo tão irreal para mim. Ninguém sugeria que eu falasse de minha solidão, de meus estranhos sonhos… “Desculpe, me desculpe. Não me entenda mal. Acho que me exaltei um pouco. Não foi de propósito.” “Sei, sei.” “É que há muito tempo eu não…


  • Os poetas e escritores certamente morrerão envenenados

    De fato, por pouco não fui ao chão com cadeira, mesa e tudo. Isso despencou sobre mim como uma bomba. Então desatei a falar por culpa de minha solidão como se esses meus conceitos tão irrisórios tivessem alguma importância, falei-lhe que num mundo apocalíptico como o nosso e à sombra de Nostradamus num mundo que…


  • “De quem é isso?”

    Meus personagens são seus próprios inimigos. A realidade os aflige por serem eles o que são e não por alguma situação especial. Ela então me perguntou se eu já tinha lido isto e aquilo, romances épicos sobre os ciclos da borracha, da cana-de-açúcar, do café, da urtiga… Não tinha entendido nada, coitada. “Isso são livros…


  • Primeiras falas de um reencontro maldito

    Gostaria de confessar-lhe que sentia uma grata emoção por reencontrá-la. Que havia superado minhas estranhezas dos tempos de colégio, que a perdoava por tudo. Ela estava ali. Junto a mim e tão próxima, na plenitude de sua beleza, após dez anos passados. Eu mal podia acreditar. “Puxa…” De início, não sabia o que lhe dizer.…


  • Eu e ela em sintonia improvável

    Não havia mais ninguém no colégio, e já escurecia. Bastidores do pequeno anfiteatro, fios mal enrolados, máscaras sem uso. Foi ali. Tentei esquecer Vanessa movido principalmente pela realidade de minha condição, o que me impossibilitava sequer alcançá-la como mera colega de classe. Já não tinha mais esperanças nem articulava planos de aproximação: tudo se consolidava…


  • Distrações e desastres (mais ou menos) dramáticos

    O suicídio não é a solução, pensava eu erroneamente. Mas esse equívoco já tinha o efeito de uma sentença infernal. Minha coragem voltou. Agora eu tinha todo o tempo do mundo, e poderia redigir duas mil vezes a mesma mensagem até chegar à forma final, corrigindo-me e aperfeiçoando-me continuamente. E esta era uma frase que…


  • Dicionário negro

    Eu tinha certeza de que a natureza já me havia libertado da ignorância. E o combate intelectual é tão devastador quanto a batalha dos homens. Eu sabia que boa parte de meus colegas tinha um quarto só deles, além de um quarto de estudos. De qualquer forma, mesmo em um ambiente estreito, embora acolhedor, eu…


  • Melhor esquecer – mas não

    Não foi ainda minha última tentativa de alguma tolice. Por essa época, eu me havia iniciado em escrever cartas.. E Vanessa? O que pensaria de mim? Talvez isso a despertasse, talvez ela pudesse compreender os meus sentimentos. E isso instigaria suas divagações, aumentando assim minhas remotas possibilidades. Talvez não. Talvez ela passasse, então, a humilhar-me…


  • A fortaleza obscura de minha solidão

    Com um cofrezinho de joias, Fausto aproximou-se de Margarida: Vanessa não podia ser muito diferente daquela infeliz. Apesar de tudo, não conseguia deixar de investir em meus sonhos com Vanessa. Não conseguia esquecê-la. Só pensava nela – portanto, em mim. Senti que não podia esperar mais. E resolvi agir. Movido por um ímpeto de bravura…


  • Piano para um menino secreto

    Eu não acreditava em contos de fadas, nem gostaria que fossem verdade. Não como nos livros. Perdido em minha conturbada solidão, eu só fazia assimilar a realidade dessas relações. Imaginava que um dia eles haveriam de se casar, teriam filhos (sempre tão belos, sempre tão bons…), e estes talvez estudassem em outras salas de aula…


  • O gosto diário de sua indiferença

    Seria uma tortura tê-la sempre por perto, sabendo-a intocável. Eu a amava. Não fui eu a primeira nem a última vítima do senso de humor humano. Há também vítimas fatais, em diversos países. E sei que, como eu, há outros por toda parte, em todas as épocas, em maior ou menor grau, os mais fortes…


  • De memórias ultrajantes

    A dor desses vexames me atrai diabolicamente. Só eu sei como me senti, só eu sei como me sinto ao relembrá-los. Por vezes eu me calava e não reagia, aproveitando-me oportunamente para avaliar os limites da mordacidade alheia. Quem sabe sintam pena, eu filosofava. Pena de si mesmos por estarem subordinados à ditadura de tais…


  • Todos queriam ser o Sol

    Na escola queria cada um ser o Sol, nunca o planeta. E as ideias do lúcido polonês eram incompatíveis com meus pobres sofismas. Não quero recordar as humilhações que amarguei em sua presença, inclusive, por causa de uma ou outra brincadeira de mau gosto que alguém sempre inventava. Eu era uma espécie de bobo da…


  • Seria o mínimo razoável

    Difícil sim, trágico até, é quando se dá o acidente da inteligência.E se compreende mais do que o esperado. É. Não é. Não, não é. Sim, pois é. Seja como for, não é difícil para alguém que nasce em certo meio, ainda que desvalido e sem perspectivas, viver entre os seus, desde que tenha também…


  • A vida segundo um antigo espanhol

    A vida segundo o patrão de mamãe e segundo um antigo espanhol.Eu era pouco mais que um menino, mas começava a desconfiar que os discursos mal correspondiam à realidade. Certa vez, fomos visitados pelo patrão de mamãe, e o recebemos à mesa da cozinha, no momento o local mais apresentável da casa. Ele suspirava todo…


  • O fato de eu ser ridículo

    Um leque de agradáveis invencionices. O sucesso, o dinheiro, a vida eterna e outras ficções. Vanessa Maria Sales Arantes Pavão – ainda me lembro de seu nome completo – sempre foi uma garota inteligente, observadora. Bonita também. Filha de um médico renomado em nossa cidade, vinha de um meio social bem diferente do meu, de…


  • Era ela, ela mesma

    A esquina, a avenida arborizada, mesas ao ar livre de um conhecido café. Eu a vi como num sonho, um sonho inesperado e arrebatador. Minha vida tem poucos atrativos, quase nada acontece, e só me é permitido escrever isto, dizer o que penso e assim expressar-me, porque sou inofensivo. Um jovem solitário, pouco atraente, sem…


  • À beira de um ataque de abismos

    À beira de um ataque de abismos

    Claro que não sou o que normalmente chamam um homem de boa vontade, nunca fui. Mas nesse dia, especialmente, eu me acreditava a criatura mais desprovida de vontade do mundo. No centro da cidade, entrei por uma galeria que me serve de atalho e, com isso, ganhei algum tempo. Quero dizer, não perdi tempo. Quero…


  • Arremessando a bola para bem alto

    Afinal, o que vale viver de uma maneira ou de outra? Às vezes passo por ali, outras vezes não, o que não faz nenhuma diferença. Logo acima, na travessa onde moro, abre-se uma entrada sinuosa a partir da qual a rua se bifurca e onde moram muitas pessoas, quase se esbarrando de tão juntas, num…


  • Aperfeiçoamento no processo de derrubar coisas

    Aperfeiçoamento no processo de derrubar coisas

    Dificilmente leio alguma coisa até o fim. Meus livros são todos interrompidos por papéis avulsos, que enfio neles como marcadores, e páginas dobradas com orelhas nada exemplares. Eu tinha ainda uns dez minutos, à toa. Duraram uma eternidade. Caberia minha vida inteira nesses dez minutos. À toa. Abri o periódico literário que havia chegado na…


  • Pensamentos preguiçosos e pequenos sustos

    Pensamentos preguiçosos e pequenos sustos

    Afinal, o que vejo mais do que esta manhã? O que vejo além do que apenas me cerca, excluindo-se o que tendenciosamente imagino? A primeira coisa que vi nesse dia, ainda pela janela, foi o vizinho da casa em frente, que acabava de chegar com seu carro meio engasgado de frio. Fiquei ali, sem pensar…


  • Mas hoje era outro dia

    Mas hoje era outro dia

    Pensei ter sentido um novo calafrio, não tinha certeza. Teria sido talvez um último resquício daqueles tremores e impulsos febris. Ou uma febre menor. Ou um princípio de… Não, não era nada. À noite, subi ao quarto não pretendendo mais do que deitar e dormir. Estava frio. Como não havia jantado, a febre alastrara-se por…


  • Febre – e outras emoções em cores

    Febre – e outras emoções em cores

    Tudo o que existia participava de alguma forma do calidoscópio de surpresa. A essa altura, eu já sentia a minha febre. Hoje acordei muito cedo, antes mesmo do despertador. Isso não é normal, pois geralmente tenho um sono de pedra e duvido até que conhecesse o sol da manhã, caso não houvesse despertadores. Mas algum…


  • Como se nunca eu me conhecesse

    Como se nunca eu me conhecesse

    O maior herói é o homem comum, no dia qualquer. A maior aventura, a que não acontece. Embora a primavera se abrisse em sua plenitude, e embora eu não encontrasse um início menos arcaico para esta narrativa, poucos eram os jardins e canteiros de calçada onde umas pequenas flores desabrochavam, sem alarde, sua beleza. É…


  • Serviço de rua

    Serviço de rua

    Não, não sou audacioso, sei disso. Não tenho certos valores apreciados pela maioria. Mas não estou vencido. Tenho planos subversivos para mim mesmo. Há quase um ano trabalho num escritório de cobranças, e tenho me aguentado. Hoje sinto-me à vontade com os colegas, eles também fingem que nos gostamos. Quase um ano nos separa de…


  • Dos males, o verão. Parte 8

    Qualquer homem se apaixonaria por ela Epílogo A miséria e a desgraça sempre existiram. A miséria e a desgraça sempre existiram. A miséria e a desgraça sempre existiram. Com tais palavras, comecei meu dia, repetindo-as metodicamente enquanto caminhava, tentando esquecer os tipos que me cercavam como num pesadelo. Sempre existiram, desde que começamos a nos…


  • Dos males, o verão. Parte 7

    Estrela em meio ao caos IV Quinta foi talvez o dia mais quente de todos. Um inferno. A primeira coisa que fiz, pela manhã, foi rasgar o papel com o verso sobre a morte ser um poço, desistindo de meu grande poema. Eu o havia esquecido ali em cima, completamente, nem pensava mais no assunto.…


  • Dos males, o verão. Parte 6

    Dos males, o verão. Parte 6

    Encontro no bordel: novas esperanças O resto do dia, custou-me passar. Ao fim do expediente, perambulei um pouco pelas ruas até o cair da noite. Sentia-me fraco, com vertigens. Fui até um bar enfumaçado, no quarteirão de casas velhas, que serviam como prostíbulos, e meu coração encheu-se de esperanças. Entra-se por uma porta estreita de…


  • Dos males, o verão. Parte 5

    Dos males, o verão. Parte 5

    Divagações com bolhas CAPÍTULO TERCEIRO (NO QUAL SE TRATA DESDE DIVAGAÇÕES COM BOLHAS A UMA DISCUSSÃO PARALELA DE ORDEM FILOSÓFICO-RELIGIOSA NUM BORDEL METROPOLITANO POUCO MOVIMENTADO) Pela manhã, jurei que não prestaria atenção aos ambulantes e desempregados que se multiplicavam pelas esquinas. Mas foi inevitável que ouvisse a voz arrastada de um sujeito moreno, sorriso matreiro…


  • Dos males, o verão. Parte 4

    Dos males, o verão. Parte 4

    Pior é não ser o fim Além dos camelôs licenciados, há também verdadeiras legiões de ambulantes, em cada ponto do centro. São jovens e velhos, desempregados ou aposentados, homens e mulheres de meia-idade, lutando como podem para sobreviver sob o sol desta terra, contra o verão infeliz de nossas cidades. Ficam de pé, abordando os…


  • Dos males, o verão. Parte 3

    Dos males, o verão. Parte 3

    A ameaça sombria de destinos possíveis Quando acordei, vi dois envelopes meio enfiados por baixo da porta, o que misteriosamente renovou-me uma centelha de esperança. Rasguei rapidamente o primeiro: Este é o momento ideal para você adquirir o nosso cartão de crédito… Depois, o segundo: Chegou a oportunidade que você tanto esperava para finalmente fazer…


  • Dos males, o verão. Parte 2

    Dos males, o verão. Parte 2

    O verso extraordinário Os santos não eram santos. Mas sendo essa a imagem que guardamos deles, ou melhor, que nos guardaram cabeça adentro, o importante é que nos inspirem. Há ainda homens que não são canalhas. Esses talvez pertençam àquela seleta galeria de sábios, meia dúzia deles, por assim dizer, que a cada geração sustentam…