O outro dia hoje

De novo
o dia hoje veio com seus habitantes sem rosto
mas cada um seus traços únicos,
cada transeunte que ontem passou hoje pelo mesmo dia.

……………………..– veio o comerciante pela manhã
……………………..e descerrou sua loja de hoje,
veio o garoto de entregas com sua bicicleta de rotina,
……………………..veio a jovem bem vestida, veio
……………………..ver de novo as vitrines de seu mundo
……………………..neste mundo,
…………………………………veio o estudante panfletário,
…………………………………o ativista com seu megafone,
veio o homem de terno e gravata e valise
…………………………………veio o carteiro,
…………………………………o carregador,
…………………………………veio o músico de esquina,
…………………………………a policial de trânsito,
…………………………………veio o camelô,
…………………………………o aleijado,
…………………………………o pregador,
…………………………………a vendedora de bilhetes,

…………………………………o mendigo…

Vieram todos: todos os que sem saber carregam em seus
gestos como um gérmen
o que convencionaram chamar esperança
– a redimi-los da ação devoradora dos milênios,
justificando
a vida dos que ainda vivem.

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Imagem: Salman Farooqi, artista paquistanês.